quinta-feira, 18 de março de 2010

Mafeking


"Tudo bem. Quatro horas de bombardeio. Um cachorro morto."
Baden Powell sobre Mafeking


É, de modo geral, reconhecido que, sem B.P. o Escotismo jamais teria visto a luz do dia. A isto, pode ser acrescentado que sem o prestígio mundial dele, como herói de guerra, o Movimento Escoteiro nunca teria alcançado suas atuais dimensões. O renome de B.P., como herói de guerra, foi ganho no período de 11 de outubro de 1899 a 17 de maio de 1900 - exatamente em 217 dias. Nos quase sete meses, ele emergiu como salvador do que será prara sempre conhecido na história como o cerco de Mafeking, uma cidadezinha obscura localizada na África do Sul que, por acidente, foi projetada no palco mundial quando se tornou cenário do conflito entre os "boers" e os britânicos. A reputação, em âmbito mundial, de B.P, pode remontar-se ao papel que ele desempenhou no cerco de Mafeking.


Não é fácil explicar a histeria coletiva que tomou conta do povo britânico - normalmente tão calmo e fleumático -, quando foi anunciado o levantamento do cerco àquela cidade, há tanto tempo esquecida. Mas, nada era normal, naqueles dias frenéticos do mês de maio de 1990, e a Nação Britânica deu vazão ao seu alívio e aclamou o seu herói - Baden-Powell - e, ele próprio, ficou assombrado com a fama que lhe impuseram. O telegrama anunciando a boa notícia levou cerca de dez horas para chegar, de Pretória a Londres. Caiu no birô de notícias da Reuter 17 minutos após às 9 horas da noite. Meia hora mais tarde, uma imensa multidão invadiu as ruas de Londres para irromper em uma orgia de comemorações, na qual foi seguida pelo resto do país, alguns minutos depois.


Platéias, artistas, atores, nos teatros de variedades, levantaram-se, espontaneamente, para cantarem o hino nacional. A Rainha Vitória abandonou a mesa do jantar para despachar telegramas de congratulações, em nome do Império Britânico, a Baden Powell e às tropas dele, a milhares de milhas de distância, na África do Sul. Os jornais, em edições especiais, descreveram a bravura das forças britâncias, como "uma nova página na história do heroísmo humano". B.P. foi promovido a General de Divisão na hora - o mais jovem naquele posto, do Exército Britânico. Estava com 43 anos de idade. Um modelo dele, em cera, tomou lugar na plataforma dianteira, do famoso Museu da Madame Tussaud, em Londres. O vencedor de Mafeking, repentinamente, tornou-se o maior herói, depois de Nelson e Wellington.


Com todo o devido respeito às vítimas inocentes da legendária Mafeking, deve ser mencionado que o cerco não foi notável pela bravura, de qualquer dos lados. Ao todo, 20.000 granadas caíram sobre a cidade, umas 100 por dia, causando danos relativamente pequenos e interferindo muito pouco na vida quotidiana dos seus defensores. Além disto, Mafeking em tempo algum esteve inteiramente sitiada pelos 'boers'. Espiões e mensageiros engravam e saíam livremente e, consoante as palavras de um historiador moderno e irreverente, sobre o evento, os piores inimigos das tropas e da população, na cidade sitiada, eram as pulgas, moscas, mosquitos e formigas. Os suprimentos de alimentos eram adequados e não havia nem mesmo falta de diversão. Por exemplo, o jantar oferecido às vesperas do Ano-Novo, que constituiu de uma dúzia de pratos diferentes, não poderia ter difamado um hotel 3 estrelas. Jogos de pólo e de cartas (bridge), bilhar e apresentações teatrais, animavam uma atmosfera que se caracterizava especialmente pelo aborrecimento.


Houve, por certo, alguns casos fatais e de danos materias, mas o número total de mortos não foi superior a 400. Pelo lado britânico, os combatentes totalizavam 1.213 oficiais e praças, e 6.000 pelo lado dos "boers". A população civil, na cidade sitiada, era estimada em 1.800 brancos - incluindo mulheres e crianças - e 7.500 negros. Tampouco foi exorbitante o custo da guerra - 123.251 libras esterlinas, que incluíram custos de alimentação dos defensores e a compensação dos danos causados pelas granadas à população local.


E, antes de tudo, não foi um cerco sangrento. De fato, houve apenas dois confrontos, que poderiam ser descritos como violentos. Não admira, pois, que o cerco de Mafeking tenha sido habilmente descrito por um eminente historiador como "a última das guerras de cavalheiros". A título de esclarecimento, as hostilidades cessavam nos domingos que eram observados como uma espécie de trégua não-oficial, por ambos os lados. Aquele era o dia consagrado à igreja, ou para descanso e, para que as mulheres lavassem e passassem a ferro as roupas. Bandeiras brancas eemblemas da Cruz Vermelha eram escrupulosamente respeitados e os mensageiros que portavam cartas dos atacantes eram tratados com deferência e até cumulados com presentes.


Para acrescentar à irrealidade, havia até um intercâmbio de correspondência entre os comandantes inmigos, na qual tratavam-se, uma ao outro, de "Vossa Excelência", terminando os comunicados com expressões tais como "Tenho a honra em permanecer vosso mais obediente servo". É claro que Mafeking não foi uma mini-Stalingrado, um Gueto de Varsóvia ou Dien-Bien-Phu. A histeria dos britânicos - normalmente fleumáticos - ao saberem que a cidade sitiada tinha sido liberta, é difícil de entender, bem como também a lisonja abundante despejada sobre os heróis do dia, em especial sobre a estrela da ocasião - Baden Powell.


É até mais difícil ainda explicar a maneira sensacionalista da divulgação feita pelos meios de comunicação que, em manchetes de jornais, traziam histórias comparando esta campanha lerda, sem acontecimentos dignos de nota, com os mais gloriosos atos de bravura, na longa e brilhante história militar da Grã-Bretanha. A resposta a estas questões embaraçosas é encontrada quando se examina mais de perto a aestranha atmosfera ao final do período Vitoriano. O império Britânico estava no ápice de sua glória e era inconcebivel que a "Pax Brittanica" pudesse ser perturbada por qualquer quadrante do mundo. Duas perguntas repúblicas absurdas, como eram chamadas pela imprensa britânia - O Transvaal (comumente conhecido como República Sul Africana) e o Estado Livre de Orange, habitadas por camponeses frustrados e religiosos - tinham ousado torcer a cauda do invencível Leão Britânico, para divertimento do resto do mundo.


A despeito de sua superioridade numérica e técnica, o Exército Britâncio tinha sofirdo humilhantes e inesperadas derrotas e o obscuro cerco de Mafeking tornou-se, repentinamente, o símbolo da sobrevivência do Império Britânico - o maior que o mundo tinha até então visto. Após a humilhante derrota em Magersfontein - um evento que traumatizou a opinião pública britância, mais do que qualuqer outro, durante a era Vitoriana - as esperanças da Nação estavam centralizadas sobre Mafeking. Resgatas a cidade do domínio do 'boers', tornava-se um ponto de honra.


Os próprios 'boers' exageravam a questão, pois quando prestígio, honra e reputação estão em risco, todo pensamento racional é jogado sobre a amurada do mar. A verdade do assunto é que a Nação Britânica estava grandemente absorvida pelos monótonos negócios de um Estado industrializado em expansão, enquanto o povo tinha uma carência psicológica de mistério e de fantasia de conqusitas de terra longíquas e, pela mesma razão, de heroísmo e de heróis. A resposta foi Baden Powell.


Quanto a Baden Powell, estranho foi o destino dele: um soldado por acidente, herói por acidente que preencheu, assim, uma necessidade do público. Ninguém contestou suas qualidades e, positivamente, não em nível militar. Com um punhado de homens apenas, tnha resisitido a um grande exército que era no mínimo, três vezes mais numeroso, e permitido, assim, que o grosso das desorganizadas tropas britânicas se reagrupasse para um contra-ataque. Em nivel humanitário, igualou-se à imagem que o público tinha criado em torno da personalidade dele: calmo, fleumático, corajoso e capaz de realiza atos de heroísmo onde que que surgisse a necessidade. E o senso de humor dele apenas aumentou sua popularidade. Era mestre em elaborar boletins autocríticos de guerra: "Tudo bem. Quatro horas de bombardeio. Um cachorro morto."


Seu aguçado senso de humor fez do inimido um alvo de ridicularização. Desempenhou o lado trágico e sangrento da arte da guerra e o público comoveu-se com seu feito. O público queria um herói autêntico, brincalhão, ousado e tipicamente esquisito, no estilo britânico. E encontrou-u na pessoa de Baden Powell. Para as finalidades deste livro, o conhecimento de como e porque Baden Powell se tornou herói não é uma fato de relevância especial. O que interessa é que ele foi amplamente reconhecido como tal e que reagiu com modéstia e pouco escondeu o divertimento. Mais tarde, deveria escrever estas palavaras anticlimáticas: "A coisa toda foi, e tinha de ser um blefe, do princípio até o fim. Não foi o que vocês chamariam um respeitável feito militar, mas apenas um mero episódio, embora ele tivesse sido muito anunciado pela impensa da época."


Mafeking tornou Baden Powell um dos homens mais famosos de seu tempo. Muito cedo deveria tornar-se o ídolo da juventude em todo o mundo, quando tomou a decisãoo dramática de volta as costas a todas as formas de violência e colocar o enorme capital de sua fama militar à disposição do movimento educacional não militar, com o qual o seu nome estará para sempre ligado - o Escotismo.


250 Milhões de Escoteiros, Laszlo Nagy
"Mafeking ou um blefe magistral" (Pág 45-51)

Ooooie! Então todos preparados pro acampamento de grupo desse fim de semana????? Bom, para quem, por um acaso, ainda não sabe o tema do Acampamento será MAFEKING! Esse texto ai de cima foi tirado to livro "250 Milhões de Escoteiros'' do Laszlo Nagy (não, não é aquele desenho animado da Cartoon caso alguem tenha pensado - ou só eu pensei nisso?) Acho que deu pra entender um pouco mais da importância do 'Cerco' a Mafeking, e o porquê do BP ser tão foda lá na Inglaterra. Pode até parecer que foi uma guerra sem graça e sem combates. Eu, enquanto escrevia, falei no Twitter "@eusouogabriel To escrevendo sobre Mafeking aqui, que guerra estranha hein... era uma guerra sem combate que divertido :P" e dai um Chefe de Campinas (acho que é...) me respondeu o seguinte "@muhomem Mafeking não foi propriamente um combate, foi um "cerco", no conceito histórico tem suas diferenças." Ou seja, isso mostra que BP foi extremamente inteligente em vencer uma 'batalha' de 6.000 inimigos com apenas 1.213 soldados. E isso TAMBÉM mostra 'Ch.CÉSAR' que Twitter não é só besteira (só 97%)

Se vocês olharem suas caixas de email verão um email com o link do Blog - netão deduzo que se vocês estão lendo aqui é porque abriram seus emails ;) - confirmem se vão no acampamento, estudem, durmam bem, sigam o Blog ali onde diz 'seguidores', divulguem para seus conhecidos , comentem nos posts e to dando uma de Ch.Bado aqui hahahaha! Ai embaixo tem um Player com seis vídeos chamados Escotismo para Rapazes. Foi um especial da BBC sobre a História do Escotismo. Nos vídeos 2 e 3 vocês encontram mais informações sobre Mafeking, ou se tiverem tempo e uma internet boa assistam todos os vídeos que vale muito a pena! SAPS!



Sobre o vídeo da Roca, o Youtube não queria aceitar, sei lá se é por causa das músicas ou o peso, dai to fazendo um novo. (Y)

2 comentários:

chico.poa disse...

Parabéns pelo post. Não sei se a homenagem foi proposital, mas recentemente o autor do livro faleceu.
Enfim, estou aqui para divulgar a oitava edição do tradicional JOGOS NOTURNOS de Porto Alegre. Ocorrerá no Grupo Escoteiro Nimuendaju na noite do dia 10 de Julho. Este ano com muitas novidades. Mande um email para jogosnoturnos2010@hotmail.com para maiores informações.
SAPS.
Chefe Chico.
Tropa Senior Ativa
Nimuendaju

Gabriel disse...

entraremos em contato ;)
saps